Amigos Leitores,
Com muito pesar venho comunicar esta nota triste. A cultura de Santa Cruz e do Estado do Rio Grande do Norte amanheceu de luto nesta manhã de sexta-feira, 09 de setembro de 2011. Depois de vários dias internadas no Hospital Regional Aluízio Bezerra, a poetisa Eudóxia Ribeiro Damasceno, no alto de seus 89 anos, fragilizada por uma doença contra a qual lutou nestes últimos anos de sua vida, teve sua voz silenciada, despedindo-se de todos nós, seus amigos, parentes e admiradores.
A rua Cel. Ivo Furtado sente a morte da ilustre moradora da casinha verde, onde a poesia fazia morada ao seu lado.. Eudóxia nos deixou o Romanceiro “As tramas da Família Baianos”, romance inventivo, fruto do imaginário criativo e da sensibilidade poética desta grande poetisa. Também foi ela pioneira na literatura popular que exalta o Alto de Santa Rita, lançando o cordel “Louvor ao Alto de Santa Rita. Muitas outras poesias deixou-nos escrita em seus caderninhos de arame, além da obra inédita “A vida de Euclides”. Espero que a posteridade possa ver estes poemas publicados.
Eudóxia viveu voltada para poesia e para a sua religião, a católica, sendo devota fiel de Nossa Senhora de Fátima e amiga de todos os padres que passaram por esta paróquia, desde que fixou residência nesta cidade. Sua docilidade, sua educação, seu jeito humano e afável de tratar as pessoas eram marcas de sua nobre personalidade. Adorava a natureza e muitos de seus poemas retratam esse amor. Cultivava em seus pequeno jardim, muitas espécies de plantas e na vida cultivou com esmero o sentimento da amizade. Sou um destes amigos que hoje sente no íntimo a tristeza de tamanha perda.
Se em sua trajetória literária tivesse tido mais apoio, muitos teriam sido os romances inventados porque a poesia lhe saia do âmago com enorme facilidade. Se não se notabilizou no estado, a exemplo de uma Dona Militana, teve pelo menos o reconhecimento de uma importante instituição de nosso estado, o IFRN, que imortalizou a sua memória, rendendo-lhe a homenagem da comenda cultural Mestre Antônio da Ladeira, bem como colocando-a como destaque cultural do nosso estado, no seleto rol do Portal da Cultura Popular, o qual vale a pena acessar para um contato mais íntimo com a obra e o maravilhoso ser humano que ela era.
Sei que é lugar comum dizer que os artistas não morrem, uma vez que se eternizam por suas obras, mas não importa o lugar comum da frase quando se homenageia o incomum dos seres, àquela que por sua arte, por sua sensibilidade poética permanecerá viva em nossas mentes, em nossos corações.
Receba Eudóxia a homenagem de todos nós que fazemos a ASPE, você que era membro afetiva de nossa entidade, e tenha a certeza de que zelaremos por sua memória, pelo tesouro cultural que você representa e nos legou por suas palavras, por sua doce poesia.
Santa Cruz-RN, 09/09/2011.
Marcos Cavalcanti