sábado, 27 de junho de 2009

ENTREVISTA COM JOÃO MARIA





ENTREVISTA COM JOÃO MARIA

GILBERTO: Olá, poeta João! Fale-nos de sua pessoa, do trabalho e de seu amor pela poesia.

JOÃO MARIA: Olá, Gilberto, fico muito lisonjeado em ser entrevistado!
Sou uma pessoa que gostaria de vê um mundo melhor, com mais justiça social, com as pessoas vivendo em harmonia entre si e o meio.
Sempre tive uma simpatia muito grande pela poesia. Adoro a poesia de Manuel Bandeira, Ferreira Gullar, Carlos Drummond de Andrade, o Cordel de Patativa, etc...etc...
A poesia tem muita importância. Diverte, denuncia, critica, elogia, desenvolve o raciocínio. Presta um grande serviço à sociedade...

GILBERTO: Como conheceu a ASPE e quais suas impressões sobre ela?

JOÃO MARIA: Conheci a ASPE por intermédio de Gilberto Cardoso que me fez o convite, após minha primeira publicação, A História de Santa Cruz em Cordel.
Vejo a ASPE como uma instituição muito importante para a literatura da região, mas que ainda está como uma criança, dando seus primeiros passos,entretanto, vai crescer e tornar-se muito grande. É uma questão de tempo.

GILBERTO: Que visão tem da cultura popular e do modo como tem se desenvolvido em Santa Cruz?

JOÃO MARIA: Quanto a cultura popular, o nome já diz tudo, é a cultura do povo, das raízes do povo. Ela enfrenta o poder todo tipo de dificuldade: falta de apoio, discriminação da grande mídia, falada , escrita e televisiva. Assim mesmo ela está viva e resiste bravamente . Aqui em nossa região não é diferente: falta apoio,sofre a discriminação, chegam a dizer, por exemplo, que isso é coisa de velho. Lembra-se daquela vez em que estávamos em um evento, eu , você,o poeta Hélio Crisanto, apresentando nossos trabalhos quando uma jovem senhora olhou pra você e disse: "Tão novo, escrevendo cordel". Lamentável...

GILBERTO: Que obras já publicou e qual considera mais importante?

JOÃO MARIA: Já publiquei três obras: "A História de Santa Cruz em Cordel","Uma História de Luta",Um Negro na Casa Branca".
A mais importante foi "A História de Santa Cruz em Cordel",pois retrata toda os acontecimentos mais importantes vividos pelo povo do nosso município. Infelizmente nem todos pensam assim. Estou recompensado: fiz a minha parte, não é mesmo?

GILBERTO: Que perspectivas tem quanto ao desenvolvimento da arte na região em que vive?

JOÃO MARIA: Quanto ao desenvolvimento da arte na região, vejo que há possibilidade de crescimento. Mas a cultura como um todo na região não é valorizada! é fato.
Um grande abraço e meu agradecimento pela entrevista. Fico muito feliz e agradecido em poder dizer o que penso e mostrar o meu trabalho, que pode até não agradar a todos, mas que faço com muito cuidado e determinação.

GILBERTO: Brinde-nos com um poema que muito lhe agrada, de autoria própria ou não.

JOÃO MARIA: Vou apresentar um dos meus poemas mais recentes que recitei na E. E Cosme Marques, em homenagem ao dia "Dia das Mães:

HOMENAGEM ÀS MÃES

VOU FALAR DE UMA FLOR
DO JARDIM DA PROVIDÊNCIA
SER QUE TEM BOA QUERÊNCIA
DE NOBRES E DE PLEBEUS
É UMA CRIAÇÃO DE DEUS
QUE SABE BEM O QUE FAZ
ELA SEMPRE CUIDA MAIS
DOS FILHOS AO SEU REDOR
NUNCA QUER VÊ O PIOR
QUER VÊ-LOS NA SANTA PAZ!
A MÃE SENTE MUITOA DOR
QUANDO O FILHO NÃO VAI BEM
MAS LHE DAR OS PARABÉNS
QUANDO ELE TEM SUCESSO
E ATINGE O PROGRESSO
INDO BEM NA SUA ESCOLA
MAS QUANDO ELE SÓ NAMORA
E NÃO PROCURA ESTUDAR
ELA VIVE A LAMENTAR
E RECLAMA TODA HORA!

João Marias de Medeiros Dantas






O GRITO DO PROFESSOR


I

Vou falar de uma classe
Que vem sendo esquecida
Por nossa sociedade
Tem sido desmerecida
Não dando o real valor
Para o nosso professor
Que é o artesão da vida.

II

É uma atividade-mãe
Das outras atividades
Mesmo assim é preterida
Desprezando as qualidades
Divinas do magistério
Isso vem desde o Império
A falta de prioridades.

III

Na luta do dia-a-dia
O mestre é afetado
Por muitas dificuldades
Que tem se multiplicado
E cada vez aumenta mais
O trabalho que ele faz
Vem sendo menosprezado.



IV


Do jeito que a coisa vai
Quem vai querer ensinar?
Para toda criançada
Aqui, ali e acolá
A enfrentar desafios
Não ficando a ver navios
E melhor rumo tomar.

V

O professor sofre muito
E se sente Injustiçado
Trabalha sem ter direito
Ao direito assegurado
Nem licença tira mais
O piso que era bom, zás
Sente-se desenganado.

VI

O que me deixa intrigado
A cada nova eleição
Todos candidatos pregam
“É vez da educação”
Porém, ao tornar-se eleito
Procura logo um jeito
De inverter a ação.

JOÃO MARIA DE MEDEIROS